Enquanto a população de Nova Mutum enfrenta dificuldades como filas de espera na saúde pública, escassez de profissionais da área, aluguéis elevados e problemas com moradia — que têm levado muitas famílias a deixarem a cidade devido ao alto custo de vida —, a Prefeitura aprovou a contratação do cantor Murilo Huff por R$ 600 mil para uma apresentação única na Exponova Mutum 2025, marcada para o dia 7 de maio.
O valor será pago com recursos públicos da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, por meio da rubrica destinada à “Realização de Eventos, Feiras e Exposições”. A contratação foi realizada por inexigibilidade de licitação, sob a justificativa de que o artista possui representação exclusiva e é consagrado nacionalmente.
Embora o procedimento seja legal, a decisão de investir mais de meio milhão de reais em um show de aproximadamente 1h30min levanta questionamentos éticos e administrativos, principalmente diante das necessidades prioritárias da população mutuense.
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Onde estão as prioridades?
Enquanto o cachê milionário é confirmado, moradores continuam enfrentando desafios com a saúde pública, incluindo a demora no atendimento e a falta de profissionais. Além disso, o valor dos aluguéis tem impactado diretamente na qualidade de vida da população, agravando a crise habitacional no município.
Eventos culturais fazem parte do calendário oficial e têm sua relevância social, mas diante do atual cenário econômico e das dificuldades enfrentadas pelos cidadãos, a aplicação de recursos públicos em um único show desperta debate.
Momento delicado para gastos elevados
Em um período marcado por crise econômica, inflação alta e contenção de despesas em áreas essenciais, a decisão da Prefeitura de investir essa quantia em entretenimento é, no mínimo, controversa.
Não se trata de ser contra a cultura, tampouco contra o artista — Murilo Huff é reconhecido nacionalmente e atrai grande público. A questão é: este seria o momento adequado para esse tipo de investimento com dinheiro público? A população de Nova Mutum concorda com essa escolha?
O direito de questionar
A contratação já foi realizada e o contrato, assinado. No entanto, o debate está lançado — e com razão. Quando o dinheiro vem dos impostos pagos por cada cidadão, é legítimo que a população questione, cobre e exija explicações.
Transparência não é apenas publicar documentos no portal oficial. É prestar contas de maneira clara, objetiva e com responsabilidade, respeitando quem realmente paga a conta: o cidadão mutuense.
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