Nova Mutum, 27 de Junho de 2025

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Prefeitura de Nova Mutum gasta quase R$ 60 mil com pesquisa que poderia ser feita de graça: população questiona prioridades

Foto: Reprodução

Em meio à falta de investimentos em saúde e infraestrutura, Executivo destina recursos do Gabinete do Prefeito para contratar empresa de fora e medir “satisfação” da população

A Prefeitura de Nova Mutum contratou a empresa Juliano Albert Schmidt por R$ 59.400,00 para realizar três pesquisas de opinião pública ao longo de 2025. O contrato foi fechado sem licitação, com base na nova Lei de Licitações (14.133/2021), que permite contratações diretas até R$ 62 mil.

Enquanto moradores relatam horas de espera para ser atendidos em postos de saúde, falta de medicamentos nas unidades, o Executivo decidiu gastar recursos públicos para obter informações que poderiam ser coletadas internamente, por meio das próprias secretarias ou canais já disponíveis, como ouvidorias e audiências públicas.

O que será feito?

A pesquisa prevê 380 entrevistas presenciais, com distribuição proporcional por sexo, idade, escolaridade e renda. O argumento oficial para a contratação é de que a iniciativa ajudará a “medir a satisfação” da população e embasar o Plano Plurianual (PPA) 2026-2029.

Mas a polêmica está justamente na necessidade e no custo: por que pagar quase R$ 60 mil para algo que poderia ser executado pela própria gestão, com o apoio de servidores já capacitados, sem gerar custo adicional ao contribuinte?

Por que essa empresa?

De acordo com documentos públicos, três empresas apresentaram propostas. A vencedora foi Juliano Albert Schmidt, com valor de R$ 19.800,00 por pesquisa. As concorrentes pediram mais:

  • IFonte Pesquisa e Planejamento Ltda: R$ 20.500,00
  • Data São Paulo: R$ 20.800,00

Mesmo tendo apresentado o menor preço, a empresa contratada não é de Nova Mutum, mas de Cuiabá (MT), o que levanta outro questionamento: por que não priorizar empresas locais, fomentando a economia da cidade?

De onde saiu o dinheiro?

O valor será pago com recursos próprios do tesouro municipal, alocados no orçamento do Gabinete do Prefeito. Ou seja, o dinheiro sai diretamente dos cofres da cidade e poderia ser usado para ações mais visíveis e urgentes, como contratação de profissionais na área da saúde.

É legal, mas é moral?

A Prefeitura se amparou na legalidade: a Lei 14.133/2021 permite contratações diretas até R$ 62 mil. Além disso, classificou o serviço como “comum” e de “baixa complexidade”, o que dispensou até mesmo a elaboração de um Estudo Técnico Preliminar (ETP).

No entanto, a população questiona: se é um serviço tão simples e padronizado, por que pagar tanto?
E mais: em tempos de crise e escassez de recursos, seria essa a melhor prioridade para o dinheiro público?

VEJA TAMBÉM: PREFEITURA DE NOVA MUTUM GASTA MAIS DE R$ 350 MIL COM AGÊNCIA DE PUBLICIDADE ENQUANTO SAÚDE ENFRENTA DIFICULDADES

População indignada

O sentimento de parte da sociedade é de revolta. “Enquanto passamos horas para ser atendidos nos postos de saúde por falta de médicos, a Prefeitura paga quase R$ 60 mil para fazer uma pesquisa? Isso é um absurdo!”, desabafa um morador ouvido pela reportagem.

Sem transparência plena, até o momento, não há informações sobre como e quando os resultados da pesquisa serão divulgados ou de que forma impactarão de fato a melhoria dos serviços públicos.

Enquanto isso, a população de Nova Mutum segue cobrando prioridades reais, aguardando que os recursos públicos sejam utilizados em ações que tragam benefícios concretos e imediatos para o município.

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